01 agosto 2003

Cinesofia: "Extemínio"

Depois de 3 dias meditando a respeito, finalmente consegui tirar algo de bom do filme Extermínio; a trilha sonora, baixada inteirinha do kazaa. Não que o filme seja ruim, pelo contrário. Ele tem pretensões de clássico cult, uma mistura de "A volta dos mortos vivos" com "Blecaute" e primorosamente condecorados com canções que vão do canto gregoriano, passando por influencias celta e culminando no eletrônico.
Então por que uma ficção cientifica batuta como esta me deixou tão entorpecida? O cinema estava terrivelmente frio, a sala cheia e eu sozinha, tão sozinha quanto o personagem que acorda numa Londres deserta antes de ser atacado por "infectados".
"Jesus" você pode exclamar, "por que diabos você gostou deste treco?". Eu acho que nunca me senti tão sozinha durante um filme como me senti nestes porque só ficava pensando que logo vou morrer e você também e todo mundo. Será que Danny Boyle é um brilhante diretor existencialista que consegue unir zumbis e filosofia ou terá sido apenas a música? Despertou algo lá da infância, quando eu era pequena eu me escondia debaixo do banco do carro quando passávamos na frente do cemitério e antes de dormir nunca dizia tchau para os meus pais e sim até amanhã. Quando fico assim eu só consigo pensar em desistir de tudo; olho para minhas coisas e sinto um vazio, olho para minha vida e não quero quase nada dela, mas por incrível que pareça, eu quero apenas a vida. Sem contrato social. Quero alguém com a mão quente que esquente meus dedos frios, quero correr por uma estrada de terra que corte o campo, quero o açoite do vento frio no rosto, quero esquecer que existe amanhã.

"Ser espírito é dominar o escoamento do tempo, ter corpo é ter um presente."
Bergson

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