03 junho 2004

Tudo que você sempre quis saber sobre: Oxigênio

Os antigos eram muito mais sábios que nós, a ponto de afirmar, sem experimentos tecnológicos ou aparatos, "Quod me nutrit me destruit.". A grande máxima do desenvolvimento humano, como diria Emerson, "para tudo que é dado, algo é tirado", aquilo me nutre também me destrói. É assim na evolução médica, que prolonga nossa vida e enfraquece nossos genes, é assim com o grande amor e nem precisa explicar, é assim nessa ambigüidade, que quanto mais avanço na vida, mais me aproximo da morte. E é assim com o ar que respiramos. Não nos damos conta, talvez por nos encontrarmos tão subjugados as intempéries da natureza e estarmos tão envolvidos com nosso mundinho derivado de petróleo, o quão estupidamente frágil é a vida. E essa equação é muito mais simples do que parece, a cada inspiração, meu corpo envelhece, enferrujando como um pedaço de ferro velho.
O oxigênio é a chave da vida superior neste planeta, precisamos dele para pensar, para locomover, para estar de corpo presente. Mas quanto mais combustível utilizamos, mais rapidamente estaremos degradando nosso meio ambiente interno. Oxidação. Literalmente enferrujamos. Quod me nutrit me destruit. Rubem Alves menciona em certa crônica os benefícios de uma vida sedentária. Menos exercícios, menor consumo de oxigênio, menos radicais livres, teoricamente uma vida mais longa. Outros preferem evitar a oxidação diminuindo a quantidade de combustível sólido ingerido, alguns experimentos dizem que reduzindo a dieta alimentar a 1.200 Kcal pode-se aumentar a expectativa de vida em 10 ou 15 anos. Ambas as soluções apresentam efeitos colaterais tais como enfraquecimento dos ossos, do sistema cardiovascular, do sistema auto-imune, sem esquecer, é claro, da menor produção das poderosas endorfinas, produzidas durante a prática esportiva; da serotonina decorrente de um belo pedaço de chocolate.
Cirurgia plástica, botox, reposição hormonal, ponte de safena, florais de Bach, Mercedes bens, Toshiba, Clavin Klein, Motorola, light, integral, fat free? Tentar controlar o tempo é inútil, então que a escolha seja feita por prazer. Eu? To precisando respirar um pouco de ar puro.

01 junho 2004

A loucura nossa de cada dia: Enfim, o admirável mundo novo.

Eu ia contar uma historinha de terror mas o céu anda tão azul que vou deixar para quando voltar a chover. Vamos falar de coisas boas. Uma amiga minha decidiu engravidar. Eu estou animadíssima, já que não estou em condições de ser mãe no momento, esse meu lado fica incentivado os amigos. Ainda mais no caso dela. Foi um longo processo para chegar aqui. 29 anos de relacionamentos especulativos, 2 anos de casamento aclimatando, centenas de enxeridos inquisitivos, pânico de gravidez e parto a serem superados e finalmente, depois de meses gestando a idéia, eles resolveram dar entrada no processo. Isso foi em dezembro passado. A primeira idéia era fevereiro, mas tinha o carnaval, depois abril, mas ai surgiu uma viagem para o exterior e as contas ficariam apertadas, falou-se em maio, postergou-se para julho, assim quem sabe calhe com as férias. Agora tenho fé que vai. Só faltam uns detalhes clínicos; exame de sangue, urina, dna, leptospirose, toxicoplasmose, catapora, caxumba, varíola, rubéola, oftálmico e o resto do compendio de patologias. Exame psicológico que é bom, ninguém pede. Mas, aprovada em todos os quesitos, a candidata à mãe pode assinar a requisição em 3 vias, pagar uma pequena taxa ao convênio mais próximo, re-elaborar o orçamento dos próximos 65 meses e está burocraticamente pronta para iniciar o que deveria ser a parte mais divertida do processo. Desde que os tramites e a expectativa de tanto investimento não interfira.
Ah! Os avanços do mundo moderno me fascinam. E pensar que durante milhares de anos fizemos tudo errado!